“Pra mim a tatuagem é mais que um ofício, é quase um estado de espírito. Da hora que acordamos até a hora que vamos dormir, conversando com amigos tatuadores ou não sempre a tatuagem vai surgir no meio do assunto. E Apesar de todas as dificuldades que passamos é impensável abandona-la. É uma força que seja pelo amor ou pela dor vai te ensinar muito sobre a vida num aprendizado eterno. E nós vamos morrer achando que ainda falta muito a descobrir sobre ela."

Filipe Tonon Vequetini levou o primeiro lugar na categoria Série de Desenho Colorido na Tattoo Week São Paulo 2016. Ele é de São Paulo e começou a tatuar há 10 anos.

Seu amor pela área começou a ser plantado quando ainda era uma criança, por seus ídolos: "Meu interesse pela tattoo começou devido a minha ligação com o punk rock e o Hard Core. Escuto desde que tinha uns 10 anos e sempre via as tattoos nos caras, então acho que sou tatuador hoje graças a isso.”

As dificuldades a serem superadas foram várias: “Houve muitos momentos difíceis, mas que me renderam muitos ensinamentos. Era muito difícil algum estúdio te aceitar como aprendiz, por exemplo. Era muito mais fechado, você tinha que merecer aquela chance. Minha família também não me apoiou em nada nessa decisão, então tudo foi com muito suor e ultrapassando um obstáculo por vez. Sai do emprego, larguei tudo e comecei meu aprendizado. Resumidamente não eram raros os dias em que não tinha dinheiro para comer ou mesmo pra voltar pra casa então acabava dormindo na maca do estúdio mesmo.”

Além disso, informações e materiais de qualidade também não eram tão acessíveis quanto hoje em dia:  “Basicamente íamos atrás de revistas gringas para ver o que estava rolando fora do Brasil.”

Muito material de má qualidade era vendido, dificultando ainda mais o trabalho do tatuador e podendo até comprometer a qualidade das tatuagens: “Tintas falsificadas, agulhas falsas e máquinas horríveis que estavam disponíveis na época. Já gastei o dinheiro que não tinha em tintas que depois fui ver que eram batizadas e em uma máquina que de tão ruim não gosto nem de me lembrar.”

O começo para Filipe foi muito difícil, mas ele se diz grato por ter tido um aprendizado tradicional. Hoje em dia ele acredita que o problema é outro: “A maior dificuldade que encontramos é a banalização da tatuagem. Vejo diversos estúdios e tatuadores que oferecem um trabalho ridículo a preços mais ridículos ainda, tomando o trabalho de gente realmente comprometida com a tatuagem. As pessoas não estão buscando qualidade, estão procurando por preços.”

Por ter tatuagem, ele diz já ter passado por algumas situações chatas, como ouvir aquela velha indagação “mas e quando você ficar velho?”. Por ser tatuador também, já que muitas pessoas não conseguem enxergar como uma profissão: “Eu não culpo ninguém, são pessoas alheias à esse meio. Acham que o estúdio de tatuagem é um lugar cheio de roqueiro doido regado a drogas, quando na verdade é justamente o oposto.”

Como saiu do skate e do graffiti, no início o tatuador foi muito influenciado pelo new school: “Nessa época Márcio Duarte, Cleen Rockone e Jime Litwalk eram minhas maiores influências com toda certeza. Aquele estilo me fez perceber que era possível eu me tornar tatuador, afinal nunca fui muito ligado naquelas cabeças de águia, tribais ou rostos realistas que estavam em alta um pouco antes.”

Acabou decidindo focar no estilo tradicional principalmente após ver o trabalho de tatuadores como Bara, Mário Desa e Lola Garcia: “Havia uma série de 2004 do Bara na parede do Santa Rosa tattoo (estúdio onde aprendi a tatuar). Quando a vi, pensei: ‘é isso que eu vou fazer.’”

Além desses, ele também cita outros nomes entre suas inspirações e influências: Stoney St. Clair, Bert Grimm, Amund Dietzel, Stizzo, Cris Cleen, Samuele Briganti, Alphonse Mucha, Jon Contino e Grime: “Acredito que o cara que mais me inspira hoje em dia é o Grime do Skull and Sword Tattoo. Fora seu trabalho absolutamente próprio, sua conduta em relação a tatuagem também me inspira muito, apesar de não seguir a mesma linha de trabalho que ele atualmente.”

Apesar de ter uma ligação forte com o estilo tradicional, ele estudou muito para poder ser um profissional versátil: “Existem trabalhos magníficos feitos por excelentes tatuadores de todos os estilos. Acredito que cada estilo vai te ensinar alguma coisa. Não vale a pena se fechar em só um ou dois estilos de tattoo. Isso só nos limita.”

Confira mais trabalhos do Filipe no instagram @filipe_tonon.

Você pode fazer uma tattoo com ele no Inkaholics Tatto Crew.

Endereço: Rua Fidalga, 312 – Vila Madalena

Contato: (11) 3031-3506

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